top of page

Literatura em campo expandido

Referências

BAL, Mieke. Meanwhile: Literature in an Expanded Field. In: HOVING, Isabel; KORSTEN, Frans-Willem; VAN ALPEN, Ernst (ed.). Africa and Its Significant Others: Forty Years of Intercultural Entanglement. New York: Rodopi, 2003. p. 183-197.

GARRAMUÑO, Florencia. Frutos estranhos: sobre a inespecificidade na estética contemporânea. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

KRAUSS, Rosalind. A escultura no campo ampliado. Revista Gávea, Rio de Janeiro, v. 1, p. 87-93, 1984. Reedição disponível em: https://monoskop.org/images/b/bc/Krauss_Rosalind_1979_2008_A_escultura_no_campo_ampliado.pdf. Acesso em: 20 jan. 2018.

LUDMER, Josefina. Literaturas pós-autônomas. Sopro: Panfleto Político cultural, Desterro, p. 1-6, 2010. Disponível em: https://www.culturaebarbarie.org/sopro/n20.pdf. Acesso em: 21 mar. 2024. YOUNGBLOOD, Gene. Expanded cinema. New York: P. Dutton & Co., Inc., 1970.

Como citar este verbete

FERRAZ, Bruna Fontes. Literatura em campo expandido. In: MOREIRA, Maria Elisa Rodrigues (org.). Glossário Audiovisual do LICEX. São Paulo, 2025. Disponível em: https://www.grupolicex.com/literatura-em-campo-expandido. Acesso em: dia/mês/ano.

Bruna Fontes Ferraz
CEFET-MG

Embora o que modernamente chamamos de Literatura tenha sempre estabelecido relações com outras artes e áreas do conhecimento, na contemporaneidade, valendo-se de recursos digitais e de experimentações artísticas diversas, a literatura tem se expandido a ponto de suas fronteiras cruzarem-se com as de outras artes e disciplinas. Se, desde a antiguidade grega, essa expansão avançava entre a forma e o conteúdo da literatura, cujas fronteiras entre prosa e poesia e entre mito e história perdiam sua rigidez, com os aparatos digitais esse alargamento alcança dimensões inusitadas e imprevisíveis, apontando para diálogos e formas de se produzir, conceber e receber literatura jamais imaginadas. Nesse contexto, parece que características antes consideradas específicas da linguagem literária, as quais permitiriam distingui-la da comunicacional, por exemplo, tornam-se esgarçadas e insuficientes para classificar o texto literário. Escorregadia, a literatura contemporânea, ao se abrir para outras materialidades, linguagens, gêneros, suportes, mídias e tecnologias, expande-se a ponto de marcar uma dificuldade de especificá-la, de apreendê-la. Por esse motivo, autoras como a pesquisadora e professora de teoria literária holandesa Mieke Bal, que, em 2003, publicou o artigo “Meanwhile: Literature in an Expanded Field”, e as críticas argentinas Josefina Ludmer, em “Literaturas pós-autônomas”, texto de 2007, e Florencia Garramuño, com Frutos estranhos, livro de 2014, já apontavam para as inespecificidades das produções literárias contemporâneas, cuja marca principal é a da interculturalidade (Bal, 2003), da diáspora (Ludmer, 2007) e do não pertencimento (Garramuño, 2014). Ancorando-se em pesquisadores como Gene Youngblood e Rosalind Krauss que, na década de 1970, pensaram a expansão do cinema e da escultura respectivamente, as autoras supramencionadas constatam que também o campo literário estaria se expandindo, ao se configurar como uma forma elástica e mutável, capaz de se deixar marcar pelas especificidades de outras artes e produções estéticas, sem permitir delimitar-se por nenhuma delas, num cruzamento tão estruturante que pudesse subverter normas e convenções tradicionalmente atribuídas a uma única arte. É, portanto, nesse panorama eclético e aberto que a literatura tem sido produzida, conversando com uma geração que vê na mutabilidade e na diferença seu cerne de atuação.

bottom of page